Divindade grega da natureza, especificamente deus do vinho e mais amplamente da vegetação, que desempenhou um papel de excepcional importância entre os gregos. Suas características separadas são tão iridescentes que apenas com muita dificuldade podem ser juntadas para compor uma figura única. Onde surgiu Dionísio e quando seu culto se disseminou na Grécia são perguntas que não possuem respostas seguras. De qualquer maneira, a primeira parte de seu nome apresenta o genitivo do nome de Zeus, e foi como filho de Zeus e Sêmele, filha de Cadmo e Harmonia, que ele entrou para os escritos mitológicos.
Na imaginação da antigüidade, o culto de Dionísio veio da Trácia, Lídia (o nome Baco provavelmente é derivação lídia) ou Frígia para a Grécia aproximadamente no oitavo século a.C. Ele é marcado com um tipo de entusiasmo e e êxtase até então desconhecido dos gregos. Por isso o culto do deus se estabeleceu contra muita oposição, principalmente da aristocracia. Significantemente, Homero não reconhece Dionísio como um dos grandes deuses olímpicos.
Nos festivais realizados em sua homenagem, que eram basicamente festas da primavera
e do vinho, o deus em forma de touro freqüentemente liderava as Maenads barulhentas , bacantes, sátiros, ninfas e outras figuras disfarçadas para os bosques. Eles dançavam, desmembravam animais e comiam suas carnes cruas, e alcançavam um estado de êxtase que originalmente nada tinha a ver com o vinho. Apenas gradualmente é que foram os componentes licensiosos e fálicos do culto moderados, de forma que Dionísio veio a ocupar um lugar seguro na religião dos gregos.
Mais tarde, seu culto se tornou tão difundido que Dionísio veio a ser cultuado em um momento histórico particular, até mesmo em Delfos, o santuário-chefe de Apolo.
Nos festivais de Dionísio, especialmente em Atenas, performances dramáticas eram representadas, de forma que o culto de Dionísio pode ser visto ligado ao gênero dramático.
Entre os romanos, já em uma época bem antiga, Dionísio foi identificado com o deus Liber, e eventualmente aceito com o nome de Baco. Quando as bacanálias, celebradas em sua honra, degeneraram, o estado interveio para regulá-las, sem nunca, porém, impedir a continuação do culto. A bacanália era o culto secreto romano, celebrado com excessos sexuais. Em 186 a.C. o Senado proibiu sua realização, devido à onda de criminalidade que foi introduzida devido ao festival. Mesmo com a proibição, o culto não desapareceu naquele tempo.
As representações mais antigas do deus mostram-no como um velho de barbas, enquanto que as mais recentes o representam como um belo jovem.
As histórias sobre as andanças de Dionísio, e em particular sua viagem à Índia, são provavelmente surgidas da simples observação da difusão geográfica da videira. Onde essa planta era cultivada, e o vinho extraído, acreditava-se que o deus por lá havia passado, dando aos mortais sua benção ou maldições.
Assim que soube que Sêmele estava esperando um filho do seu marido, Zeus, ela ficou demasiadamente furiosa. Sabendo que as suas reprovações aos atos de Zeus não surtiam nenhum efeito, resolveu vingar-se da jovem e destruí-la. Para Hera, Sêmele era culpada, e carregava em seu ventre a prova de seu ato ilícito.
"Não me chamem mais de de filha de Saturno, se ela não descerá às águas do Estígio, para lá enviado pelo seu Zeus!"
Com essas palavras ela se levantou de seu trono, e envolvida por uma nuvem dourada, aproximou-se da morada de Sêmele. Hera, então, transformou-se em uma velha senhora, seus cabelos tornando-se brancos, e rugas surgindo em sua pele. Ela andava com as costas arqueadas e passos cambaleantes. Sua voz dobrou-se à idade, e ela tornou-se a cópia exata de Beroe, a ama de Sêmele.
Alcançando Sêmele, ela iniciou uma longa conversa, na qual mencionou o nome de Zeus. Então Hera disse que ela deveria pedir uma prova de que seu amante era realmente Zeus, e ainda mais; que, sendo Zeus, aparecesse em sua forma gloriosa, a mesma que ele aparecia perante Hera, e só assim a abraçasse.
"Eu rezo para que seja mesmo Zeus! Mas tudo isso perturba-me: muitas vezes um homem usou deste artifício para penetrar no quarto de uma mulher honesta, fazendo-se passar por um deus."
Assim dizendo, Hera conseguiu colocar a suspeita no coração da jovem, e ela dirigiu-se à Zeus, pedindo uma prova de seu amor. Ele respondeu dizendo que qualquer coisa que ela pedisse lhe seria atendido. Ainda mais, para reforçar seu juramento, chamou o nome do deus do rio Estígio para ser sua testemunha.
Sêmele, feliz com o juramento, selou seu destino com o seu pedido: "Mostre-se a mim. Da mesma maneira como você se apresenta a Hera quando você troca abraços amorosos com ela!" O deus tentou em vão impedir que ela falasse tamanho desatino, mas as palavras já haviam deixado sua boca - e seu juramento não podia ser alterado.
Lamentando muito a tarefa que estava prestes a realizar, Zeus lançou-se ao alto, juntou as névoas obedientes e as nuvens de tempestade, relâmpagos, ventos e trovões. Tentou ao máximo reduzir ao máximo a sua ostentação de glória. Mas a estrutura mortal de Sêmele não podia suportar a visão do visitante celestial, e ela foi queimada até as cinzas pelo seu presente de casamento.
Seu bebê, ainda incompletamente formado, saiu do útero de sua mãe, e alojou-se na coxa de Zeus, até que se completasse a sua gestação. Zeus entregou o bebê a Hermes, que o confiou ao casal Ino e Athamas, advertindo-os a cuidar de Dionísio como se ele fosse uma menina. Entretanto, Hera descobriu que o bebê havia nascido e que estava sendo criado escondido dela. Indignada, levou Ino e Athamas à loucura. Athamas caçou o próprio filho, Learcus, como se fosse um veado, matando-o, e Ino, para livrar seu outro filho, Melicertes, da loucura do pai, o atirou ao mar, onde foi transformado no deus do mar Palaemon (em homenagem a quem Sísifo instituiu os jogos do Istmo).

Finalmente, Zeus iludiu Hera transformando Dionísio em um cabrito, e Hermes o levou para ser criado pelas ninfas de Nysa, na Ásia, quem Zeus posteriormente transformou em estrelas, dando-lhes o nome de Híades. Mais tarde Dionísio resgatou Sêmele dos ínferos e a levou ao Olimpo, onde Zeus a transformou em deusa.
Quando Dionísio cresceu, ele descobriu a videira, e também a maneira de extrair da fruta o seu suco e transforma-lo em vinho. O deus então vagou pela Ásia e foi até a Índia, onde ficou diversos anos, para ensinar os povos a cultivar a vinha. Em seu caminho, chegou até Cibela, na Frígia, onde a deusa Réia, mãe dos deuses, o purificou e o ensinou os ritos de iniciação.
Ele então se dirigiu à Trácia, onde Licurgo era o rei dos Edonianos, que viviam ao lado do rio Strymon. Licurgo foi o primeiro a insultar Dionísio e expulsá-lo. Doinísio soube da intenção de Licurgo através de Carope, pai de Orfeu. Dionísio se refugiou no mar, com Tétis, enquanto qua as maenads foram feitas prisioneiras, juntamente com os sátiros. Mas Dionísio enlouqueceu o rei, e ele matou seu filho com um machado, pensando estar cortando uma videira. Quando acabara de cortar os membros do filho, desfez-se o encanto do deus. O deus tornou a terra improdutiva, causando a revolta dos seus súditos,que o ataram a cavalos que o despedaçaram, pois haviam ouvido que "Enquanto Licurgo estivesse vivo, a terra não mais daria frutos". Dionísio recompensou a ajuda de Carope dando-lhe o reino dos trácios e instruíndo-lhe nos ritos secretos ligados aos seus mistérios.
Ao voltar a Grécia, instituiu seu próprio culto, porém encontrou oposição dos reis devido a desordem e a loucura que o mesmo provocava nos seguidores.
Quando Dionísio se encaminhou à Tebas, ele forçou as mulheres a abandonarem suas casas e segui-lo, em uma espécie de transe. O Rei Penteus tentou por um fim à desordem causada pelo deus, tentando prende-lo. Sua tentativa foi infrutífera, pois os seguidores de Dionísio impediam a prisão do deus. Penteu tentou espionar o culto de Doinísio, mas foi avistado pela sua mãe, Agave, que participava junto com as maenads. Cega pelo deus, Agave pensou ester vendo um javali gigante, e chamou as demais mulheres para correrem atrás dele. Assim que o alcançaram, despedaçaram-no. Sua mãe percebeu horrorizada que não era um javali que haviam desmembrado, mas sim seu filho. Após o seu enterro, Agave, juntamente com seus parentes deixou Tebas, em exílio.
Depois de Tebas, Dionísio foi para Argos, e por que eles não quiseram honrá-lo, ele fez as mulheres ficarem loucas, e elas carregaram seus filhos no colo até uma montanha e os devoraram.